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domingo, 19 de junho de 2011

Ensinar pode impedir a compreensão?
“Cada vez que se ensina prematuramente a uma criança algo que ela poderia ter descoberto por si, ela fica impedida de a inventar e, por isso, de a compreender completamente” (Jean Piaget, 1937).

Esta foi a frase do biólogo, psicólogo e epistemólogo suíço, Jean Piaget (1896-1980), constante sua obra La construction du réel chez l'enfant, datada de 1937, que Nuno Crato recordou e discutiu na sua crónica do Semanário Expresso, de 20 de Dezembro do ano passado.

Trata-se duma frase que é frequentemente invocada como argumento de autoridade por académicos e responsáveis por políticas educativas: se Piaget escreveu o que escreveu, então, é verdade. E o que é que é verdade?

É verdade que a criança não deve ser ensinada, ou seja, direccionada para determinada aprendizagem pelo professor, porque, quando se encontra no momento apropriado para a fazer, é capaz de a fazer autónoma e criativamente (por si só e em colaboração com outras crianças) sendo que (só) desta maneira, atinge a compreensão.

Esta ideia de Piaget aparece reforçada numa outra obra de 1969 - Psychologie et Pedagogie -, que foi apresentada como “A resposta do grande psicólogo aos problemas do ensino”. No tópico dedicado aos métodos activos, este autor adverte para o facto de as actividades educativas proporcionadas à criança não deverem ser entendidas apenas como manipulação de objectos, mas também e, principalmente, como reflexão, abstracção e exploração verbal. Terão, no entanto, de ser espontâneas, e não impostas, sob o risco de permanecerem parcialmente incompreendidas.

Autor: @ De Rerum Natura 

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